“A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?” por Bruce Anstey

SALMO 118:22

A partir deste ponto a tradução será feita da nova edição do livro.
No final os textos anteriores serão também adaptados à nova edição.

SALMO 118:22 “A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a cabeça da esquina”. Considerando que este versículo foi citado por Pedro em Atos 4:11 e em 1 Pedro 2:7 os seguidores da Teologia do Pacto concluem que ele esteja falando da Igreja.

Todavia, não por isso que Pedro citou o Salmo 118. Ele citou para mostRar que Cristo seria rejeitado pelo Seu povo antes de ser recebido por eles.

Seria a Igreja o Reino Milenial de Cristo hoje?

Deus prometeu estabelecer Cristo no trono de Davi, onde Ele reinaria sobre todas as nações em Seu reino (2 Sm 7:13-18; Jr 33:15-17; Sl 110:1; Lc 1:30-33). Considerando que hoje Cristo está sentado no trono de Deus (At 2:30-36; Hb 10:12-13) os teólogos do Pacto concluem que Ele estaria atualmente reinando em Seu reino. Por isso acreditam que nós estaríamos no período que os dispensacionalistas chamam de “Milênio” nos dias de hoje — com a diferença de sua duração ser de muito mais que mil anos. Eles insistem que esse reino não é visível e nem literal, por causa do que o Senhor disse: “O reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós.” (Lc 17:20-21). Apesar de Apocalipse 20:4 dizer que “viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos” eles interpretam esses mil anos no sentido alegórico.

Este é mais um caso de “non-sequitor”. Ele mistura verdade e erro, levando a conclusões equivocadas. É verdade que hoje Cristo está sentado no trono de Deus, e é verdade que Ele já “recebeu” Seu reino (Lc 19:12, 15), e também que os cristãos estão nesse reino agora (Cl 1:13). Todavia, os teólogos do Pacto erram por não enxergarem que o reino possui duas fases. O Senhor ensinou que, uma vez que fosse rejeitado, o reino passaria primeiro para uma fase mística, antes que ocorresse uma manifestação pública dele (Mt 13:10-17; 37-43). Na mesma passagem em que o Senhor ensinou que o reino não viria naquela época “com aparência exterior”, Ele também ensinou que haveria um tempo quando o reino do “filho do Homem” seria “revelado” em “Seu dia” do modo como os judeus esperavam por ele nas profecias do Antigo Testamento (Lc 17:22-37; Dn 7:13-14). Hoje o reino se encontra em sua fase mística, mas quando Cristo se manifestar em poder e juízo ele estará em seu estado manifesto, e todos o verão pois então será algo literal. Estas duas fases podem ser identificadas pela letra “M”.

O reino em mistério (Mt 13:11).
O reino em manifestação (1 Jo 3:2).

As fases podem ser também identificadas pela letra “P”.
O reino em paciência (Ap 1:9).
O reino em poder (Mc 9:1).

Portanto, existe uma fase presente e uma fase futura do reino dos céus. Das trinta e três vezes que a expressão “reino dos céus” é usada nas Escrituras, vinte e quatro se referem ao reino em sua fase mística presente; as outras nove tem a ver com o reino e sua manifestação pública e futura. Como foi observado nos esboços dispensacionais em Mateus, a manifestação pública do reino, prometida pelos profetas do Antigo Testamento, está presentemente em suspenso e não será estabelecida até um dia futuro (isto é, no Milênio).

Cada uma dessas fases do reino dos céus tem seu ponto de partida. A parábola em Lucas 19:11-12 indica isso. A fase do mistério começou quando o Senhor Jesus Cristo ascendeu aos céus depois de Sua morte e ressurreição. É o que indica a parábola em Lucas 19:11-12. Ele é visto no “homem nobre” (o próprio Senhor) viajando para um “país distante” (o céu) e recebendo “um reino” (At 1:9-11; Sl 110:1). Mais tarde o homem nobre voltou para a prestação de contas de seus servos, aos quais haviam sido confiadas certas responsabilidades, e recompensou aqueles que foram fiéis. Isso acontecerá no Arrebatamento. O servo que demonstrou não ter fé — e provou isso escondendo sua “mina” na terra — foi julgado (Lc 19:20-27). Isso acontecerá àqueles no reino que não tiverem fé por ocasião da Manifestação de Cristo, quando os anjos sairão para arrancar esses de entre os justos (Mt 13:38-42; 24:37-41). Assim, o ponto de partida do reino em sua forma manifestada em poder e glória (conforme é apresentado no Antigo Testamento) ocorrerá na Manifestação de Cristo (Dn 2:35; 7:13-14; Ap 11:15).

O reino atualmente possui um caráter de mistério por não parecer que existe um reino manifesto. Pelo que se pode ver exteriormente nada indica que Deus esteja agindo neste mundo. O reino existe no presente momento em uma forma mística ou misteriosa pois:

Ele não possui um Rei visível.
Ele não possui uma sede geográfica na terra.
Ele não possui quaisquer fronteiras nacionais.
A maioria dos que professam fazer parte dele não reconhecem a autoridade do Rei e vivem como se não existisse um Rei.

Independente destas particularidades, a fé enxerga o Rei (o Senhor Jesus Cristo) em Seu trono hoje em Seu reino. Como bons súditos em um reino, a fé leva o crente a viver em conformidade com os princípios de Sua Palavra — conforme é dada no Sermão da Montanha (Mt 5-7) — até que o reino passe à sua fase manifesta. Deve ser observado que ainda não é feita referência ao Senhor como estando em Seu trono em sua fase de manifestação pública (Ap 3:21); Ele está no momento presente assentado no trono de Seu Pai (Sl 110:1; Hb 10:12).

Tanto os teólogos do Pacto como os Dispensacionalistas concordam neste atual aspecto místico do reino, mas os teólogos do Pacto não enxergam o que se segue a isso. Todavia, ao crerem que não haverá um reino literal de mil anos ainda futuro cria mais problemas e questões do que os teólogos do Pacto gostariam de ter para lidar. Como já mencionado, tal ideia desafia a lógica quando consideramos que muitas das interpretações da Teologia do Pacto são obtidas por meio de conclusões lógicas. Por exemplo, se já estivermos no reino (milenial) agora, como se interpretar espiritualmente as muitas descrições do reino nas Escrituras sem cair em algo por demais fantasioso — e até risível. Não importa a maneira que alguém decida interpretar essas descrições do reino de Cristo — alegórica ou espiritualmente — elas não fazem qualquer sentido. Seria difícil convencer alguém de que isso seja realmente verdade. Este é um aspecto da Teologia do Pacto que seus teólogos preferem não tocar, pois suas interpretações “espiritualizadas” beiram o ridículo.

Os teólogos do Pacto também fazem uso de Gálatas 4:4-5, juntamente com Efésios 1:10, para dar suporte à ideia de que a Igreja está presentemente no reino público de Cristo (isto é, o Milênio). Gálatas 4 fala da vinda do Senhor Jesus (Seu primeiro advento) na “plenitude do tempo” (Gl 4:4 ARA) e Efésios 1 fala de todas as coisas estando sujeitas a Ele em Seu reino na “dispensação da plenitude dos tempos”. Ao juntarem as duas expressões os teólogos do Pacto vêm com a ideia de que o reino de Cristo começou quando Ele veio ao mundo em Seu primeiro advento. Portanto, esse reino estaria seguindo seu curso desde então — o que significaria estarmos nesse reino agora.

Todavia, a “plenitude do tempo” (Gl 4:4 ARA) no singular e a “plenitude dos tempos” no singular são duas expressões diferentes que se referem a duas coisas diferentes. Dizer que o reino de Cristo começou quando Ele nasceu neste mundo não faz sentido. De que maneira aquele bebê na manjedoura de Belém teria estabelecido publicamente Seu reino sobre todo o mundo do modo como Efésios 1:10 apresenta? Efésios 1:10 diz que Cristo irá “fazer convergir” todas as coisas nos céus e na terra. Ele irá reconciliar moral e espiritualmente céus e terra sob Sua administração (Cl 1:20). Isso não aconteceu quando o Senhor nasceu neste mundo, e ainda não aconteceu! Os céus e a terra não estão reconciliados de maneira nenhuma. A terra hoje se encontra em feroz rebelião contra os céus e contra Aquele assentado ali (Sl 2:1-3). “A dispensação da plenitude dos tempos” (Ef 1:10) obviamente se refere a uma administração futura de Cristo que ainda não foi estabelecida.

Os teólogos do Pacto costumam negar a verdade do mistério que esteve escondido nos tempos do Antigo Testamento.



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