“A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?” por Bruce Anstey

GENESIS 24

No capítulo 22 Isaque desaparece da narrativa, mas neste capítulo descobrimos que ele voltou de Moriá para a casa de Abraão. Isto apontaria para a ressurreição e ascensão de Cristo à glória da casa de Seu Pai, onde Ele está no presente momento sentado à destra de Seu Pai (Jo 14:2; At 2:32-33).

O assunto deste capítulo é assegurar uma esposa para Isaque. O que não é usual a respeito disso é que Isaque não deveria ir e obter uma esposa para si, mas isso seria feito pelo “servo” de Abraão. Isto é pleno de significado em um contexto dispensacional. Este homem sem nome que foi enviado por Abraão para conseguir Rebeca é um tipo do Espírito Santo. O fato de o servo de Abraão não ter nome está em conformidade com muitos outros tipos do Espírito Santo nas Escrituras. Muitas vezes Ele é visto como uma Pessoa sem nome trabalhando nos bastidores (Rt 2:6; Lc 10:35; 14:21-24; 22:11 etc.). Trata-se de uma descrição adequada ao papel do Espírito nesta dispensação. Ele não atrai atenção para Si, mas emprega Suas energias em nos levar a Cristo (Jo 16:13-14).

Os primeiros nove versículos do capítulo 24 de Gênesis tipificam as Pessoas divinas reunidas para deliberarem o chamado da Igreja. Como já vimos no capítulo anterior sobre o ensino de Paulo, esse chamado é um “mistério” que esteve “escondido em Deus”, e que não foi revelado até que o Espírito viesse e o revelasse aos apóstolos (Rm 16:25; Ef 3:3-5, 9; Cl 1:26). A jornada do servo à Mesopotâmia representa a vinda do Espírito (Gn 24:10-14). A conversa inicial do servo com Rebeca representa a obra do Espírito nas almas (Gn 24:15-17). O presente dado a Rebeca, um “pendente” ou brinco para suas orelha e “pulseiras” para suas mãos, representa o anseio do Espírito em conquistar os ouvidos e as mãos do crente para Deus (1 Co 6:20). A partir do momento em que o servo conquistou a atenção da família de Betuel ele passou a contar uma história maravilhosa, a qual contém muitos elementos do evangelho da graça de Deus (Gn 24:33-49). Ele lhes fez saber que seu senhor era uma pessoa muito rica e que havia legado tudo o que possuía ao seu único filho (compare com João 3:35). O servo também explicou que havia sido enviado por Abraão para conseguir uma esposa para seu filho (compare com Efésios 5:25-32), e que o filho de Abraão iria compartilhar com ela as riquezas que seu pai lhe havia dado (compare com Efésios 1:11; Romanos 8:17, 32). Ele também explicou como tinha sido dirigido por Deus para encontrar Rebeca. Isso nos fala dos inescrutáveis caminhos de Deus em encontrar, ao longo do tempo, aqueles que foram eleitos antes da fundação do mundo (Rm 11:33-36; Ef 1:4).

Quando ficou acertado que Rebeca seria a esposa de Isaque, o servo apresentou “jóias de prata e jóias de ouro, e vestidos” e os deu a Rebeca para confirmar o que fora acertado (Gn 24:50-53). Isso representaria o selo do Espírito (Ef 1:13), pois estas três coisas nos falam de redenção, justiça divina e de uma adequada condição moral para Cristo, e são coisas que passam a pertencer aos cristãos quando são salvos. O servo “também deu coisas preciosas” ao irmão e mãe de Rebeca. Isso nos fala das muitas bênçãos visíveis que todos na cristandade podem desfrutar em razão de o Espírito Santo estar na casa de Deus. Depois disso o servo e os da família de Betuel “comeram e beberam” (Gn 24:54). Isso nos fala da “comunhão do Espírito” (Fp 2:1) e da “comunhão do Espírito Santo” (2 Co 13-14). Logo no dia seguinte o servo quis iniciar sua jornada de volta à casa de Abraão levando Rebeca consigo. Isso mostra o grande desejo do Espírito de levar os cristãos a Cristo em glória. Trata-se de uma jornada moral e espiritual envolvendo o distanciar do coração e alma do crente deste mundo, aproximando suas afeições de Cristo.

A mãe e o irmão de Rebeca queriam que ela ficasse com eles por um ano inteiro, e só depois partissem com o homem (Gn 24:54-55). Isso nos fala da interferência da natureza no chamado de Deus. O servo disse: “Não me detenhais”, o que demonstra que qualquer atividade neste sentido entristece e extingue o Espírito Santo (Ef 4:30; 1 Ts 5:19). Rebeca concorda em partir com o servo para ser a esposa do homem que ela nunca havia encontrado. (Compare com 1 Pedro 1:8). É com base em suas palavras — “Irei” — que o servo parte imediatamente e leva Rebeca a Isaque (Gn 24:57-61). Ao longo do caminho Rebeca podia desfrutar das jóias que havia recebido como “penhor” daquilo que a esperava quando chegasse à casa de Isaque (Ef 1:14; 2 Co 1:22).

Os “camelos” foram fornecidos pelo servo para carregá-la. Isso nos fala das necessidades naturais que temos na vida sendo atendidas pelas misericórdias de Deus — coisas materiais que precisaremos para nossa vida no deserto. Isaque aguardava por sua noiva (Gn 24:62-63), e Cristo também aguarda pacientemente para ter Sua Igreja consigo no lar (2 Ts 3:5). Chegou o momento quando Isaque “levantou os seus olhos” (Gn 24:63) e “Rebeca também levantou seus olhos” (Gn 24:63), e seus olhares se encontraram pela primeira vez! O resultado disso foi que Rebeca “desceu do camelo”. Nada é dito de seus pés tocarem o solo, apesar de sabermos que foi assim. Isso nos fala do chamado do Arrebatamento, que é um chamado elevado. H. E. Hayhoe costumava dizer: “Aquele é o momento para o qual todos os outros momentos foram feitos”.

Em seguida nós os vemos unidos em matrimônio, e Isaque levou Rebeca “para a tenda de sua mãe Sara” (compare com Apocalipse 197-9). Ao enfatizar que Sara e Rebeca são duas pessoas completamente diferentes o Espírito de Deus está chamando nossa atenção para o fato de Deus ter dois relacionamentos completamente diferentes com o Seu povo. Dos tipos apresentados nestes capítulos fica evidente que Sara representa Israel e Rebeca a Igreja. Os teólogos do Pacto não conseguem enxergar isto, e em essência procuram fazer dessas duas mulheres uma mesma pessoa.



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