“A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?” por Bruce Anstey

JOÃO 11-12

JOÃO 11-12

Encontramos nestes capítulos o registro de Lázaro sendo ressuscitado de entre os mortos e depois sentado em um círculo de comunhão com outros da mesma fé e que tinham seu foco no Senhor. Lázaro saiu da esfera da morte para uma esfera de “verdadeira vida” (1 Tm 6:19 ARA). Isto ilustra outro aspecto da transição do Judaísmo para o Cristianismo.
A condição de morte na qual Lázaro estava é uma figura da condição da nação de Israel sob a Lei, moral e espiritualmente falando. Todo o sistema da Lei é um “ministério da morte” e um “ministério da condenação” (2 Co 3:7, 9). Todos os que estivessem sob a Lei e não atendessem os seus termos estavam condenados e, em certo sentido, mortos por ela. Esta é exatamente a posição de Israel; toda a nação se encontrava em uma condição de morte diante de Deus. A ressurreição de Lázaro é uma figura da obra do Senhor tirando um remanescente de crentes para fora daquele sistema legalista. Maria e Marta representam as duas partes do remanescente crente que havia naquela época. Maria aguardava em expectativa pela vinda do Senhor (Jo 11:20). Ela representa, entre outros, os “Simeões” e as “Anas” que aguardavam por fé a “redenção de Jerusalém” (Lc 2:25-38). Marta, por sua vez, expressava a fraqueza da fé que também havia entre muitos crentes judeus de sua época. Ela reconhecia o poder do Senhor, mas questionava sua pontualidade e até O culpava por chegar tarde (Jo 11:21). Naquela época muitos crentes estavam assim, cheios de dúvidas (Mt 28:17; Lc 24:13-33; Jo 20:24-31).
Ao ser recebido, o evangelho não somente concede “vida eterna” para a alma do crente, mas também o coloca em uma esfera de vida na companhia dos santos. Este último aspecto da vida está ilustrado na ceia em que Lázaro é visto depois de ter sido ressuscitado de entre os mortos pelo Senhor (Jo 12:1-3). Ele desfrutava de feliz comunhão na ceia com Maria, Marta e os discípulos, tendo o Senhor no meio deles. Lázaro não apenas recebeu vida em sua alma, mas foi também introduzido em uma esfera de vida entre crentes, o que é uma figura da comunhão cristã à Mesa do Senhor (1 Co 10:16-17).
Todavia, Lázaro não saiu diretamente da sepultura para a ceia em Betânia. Quando ele saiu da sepultura ele estava com “as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto envolto num lenço” e precisava ser solto. Isto nos fala das amarras dos princípios legalistas do Judaísmo que restringem o crente (At 15:10; Gl 4:24-25). As pessoas que eram salvas e tiradas daquele sistema geralmente ficavam limitadas pelos princípios legais que tinham formado suas consciências. Elas costumavam carregar para o círculo da comunhão cristã suas mortalhas, que eram os princípios e práticas legalistas do Judaísmo (At 10:9-16; Rm 14:1-6; Gl 2:11-14). O Senhor ordenou: “Desatai-o e deixai-o ir” (Jo 11:44). Isto nos fala da obra que o Senhor deu para os Seus servos fazerem (particularmente os apóstolos) nos primeiros dias do Cristianismo. O ministério deles para com aqueles no Judaísmo que eram salvos por meio da pregação do evangelho tinha o objetivo de libertá-los das amarras daquela religião terrena. As epístolas judaico-cristãs (Hebreus, Tiago e Primeira e Segunda Pedro) são um exemplo desse ministério. Aqueles escritores do Novo Testamento trabalharam para libertar os crentes judeus das mortalhas do Judaísmo e estabelecê-los na liberdade cristã.
Em meio aos eventos relacionados a Lázaro sendo ressuscitado, vemos que Caifás, o sumo sacerdote daquele ano, sem perceber “profetizou que Jesus devia morrer pela nação” (Jo 11:47-54). Ele sugeriu ao conselho que deviam matar o Senhor Jesus, um Homem justo, a fim de preservar, se possível, a posição daquela nação na terra sob o domínio dos romanos. Parafraseando o que disse, “Se este movimento (de pessoas seguindo o Senhor Jesus) continuar haverá uma revolução na terra e os romanos virão e nos matarão a todos”. Ele sugeria que deveriam matar a Cristo, dispersar Seus seguidores e por um ponto final àquele movimento, salvando assim a nação de ser destruída. Ele raciocinava ser melhor “que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação”. Assim, Caifás não tinha qualquer escrúpulo em matar um Homem inocente se fosse para preservar o lugar da nação na terra. Mas Deus interferiu naquilo que disse e ele acabou profetizando contra sua própria vontade o que exatamente iria acontecer na morte de Cristo. O Senhor não apenas morreria pela nação, mas iria também “reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos” (Jo 11:49-53). Isto aponta para a atual obra de Deus por meio do Espírito nesta dispensação cristã trazendo crentes gentios para o rebanho de Deus juntamente com crentes judeus (Jo 10:16).
Depois de liberto, Lázaro é visto em comunhão com suas irmãs e os apóstolos durante a ceia em Betânia (Jo 12:1-3). Trata-se de uma cena que representa a comunhão e adoração cristãs. Vemos Maria no exercício da liberdade que caracteriza a adoração cristã. Ela não tinha autoridade oficial para agir como sacerdote (como era exigido na religião judaica), todavia aproxima-se livremente do Senhor com seu “arrátel de unguento de nardo puro, de muito preço” — o que nos fala de adoração. Ela foi criticada por ter derramado o unguento sobre o Senhor. É triste ter de reconhecer que aqueles que, a exemplo de Maria, agirem na liberdade do Espírito na adoração cristã, serão criticados por aqueles cuja mentalidade foi formada pela ordem judaica (Jo 12:4-8). Além disso, os principais sacerdotes decidiram matar Lázaro, depois de este ter sido ressuscitado de entre os mortos (Jo 12:10). Isto demonstra que haverá perseguição contra aqueles que foram libertos das cadeias do Judaísmo e caminham na liberdade do Cristianismo.



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