“A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?” por Bruce Anstey

JOÃO 10

JOÃO 10 

Este capítulo enfatiza outro aspecto da transição do Judaísmo para o Cristianismo e enfoca o novo princípio sobre o qual Deus iria reunir o Seu povo.
O Senhor anunciou que iria tirar Suas ovelhas (os crentes judeus) para fora do “curral” judaico e trazê-las para a gloriosa liberdade de Seu “rebanho” no Cristianismo (Jo 10:16). O curral e o rebanho representam dois princípios de reunião completamente distintos. Ambos mantêm as ovelhas reunidas, mas de maneiras totalmente diferentes. Um curral ou aprisco é uma circunferência sem um centro, enquanto um rebanho é um centro sem uma circunferência. Em um curral as ovelhas são mantidas juntas pela cerca que as circunda, o que nos fala dos princípios restritivos do sistema legalista da antiga dispensação, que mantinha os israelitas juntos em uma posição de separação das nações que os cercavam. Em um rebanho não há necessidade de uma cerca, pois o Pastor no meio das ovelhas exerce atração sobre elas, que por sua vez são atraídas por Ele. Portanto as ovelhas são mantidas juntas, mas sobre um princípio completamente diferente. Isso revela o princípio de reunião no Cristianismo (Mt 18:20). Os cristãos nesta nova ordem de coisas se reúnem para adoração e ministério, não por serem forçados a isso, mas por desejarem estar onde Cristo está no meio.
Uma vez que os judeus naturalmente iriam se sentir ofendidos caso alguém entrasse em seu curral e levasse algumas ovelhas para fora, o Senhor declarou que quem fizesse isso precisaria ter a qualificação necessária. Ele reconheceu que alguns impostores (“ladrões e salteadores”) poderiam aparecer sem que tivessem as qualificações ordenadas por Deus, mas Suas ovelhas não os seguiriam, “porque não conhecem a voz dos estranhos” (Jo 10:1, 5). Exemplos disso foram “Teudas” e “Judas” (At 5:36-37).
Todavia, o Senhor veio do modo designado por Deus, o que ele chama de “porta” (Jo 10:2). A porta que dá entrada ao curral, pela qual o Messias deve entrar, é caracterizada pelos profetas do Antigo Testamento.
  •         O tempo de Sua vinda (Dn 9:26 e Sl 102:24).
  •         O lugar de Sua entrada no mundo (Mq 5:2).
  •         Seu nascimento virginal (Is 7:14).
  •         O anúncio de Sua vinda (Is 40:3; Ml 3:1).
  •         Seu modo de vida (Is 53:3).
  •         O caráter do Seu ministério (Is 42:1-3).
  •         Sua capacidade de demonstrar “os poderes do mundo vindouro” (Hb 6:5; Lc 7:22; Is 33:24; 35:5-6; Sl 65:6-7; 89-9; 132:15; 146:7-8).
  •         Sua apresentação à nação (Zc 9:9).

O Senhor entrou no curral do Judaísmo (o sistema judaico instituído por Deus por intermédio de Moisés) exatamente em conformidade com estas especificações. Não havia como não perceber que Ele era o Messias de Israel — “o Pastor das ovelhas” (Sl 23:1; 77:15; 78:67; 80:1; 95:7; 100:3; Is 40:11; Ez 34:31; Zc 11:7-9; 13:7). O Espírito de Deus (“o Porteiro”) Se identificou totalmente com o Senhor, descendo do céu sobre Ele na forma de uma pomba (Jo 1:32-34; 6:27; 1 Tm 3:16) e habitando nEle. Assim o Espírito deu testemunho de que o Senhor Jesus era realmente o verdadeiro Pastor de Israel, pois “a Este o porteiro abre” (Jo 10:3). Portanto, o Senhor, sendo Quem ele era, tinha o direito de introduzir esta mudança dispensacional.
O trabalho do Senhor no curral, que acabou sendo rejeitado (Jo 1:11), era o de atrair o coração das ovelhas a Si, chamando-as “pelo nome” (o que nos fala de intimidade) e guiando-as para fora dali (Jo 10:3). Ao guiar aqueles que eram Seus para fora o Senhor indicava que estava prestes a abandonar toda aquela ordem de culto religioso e levar Suas ovelhas Consigo. Hebreus 13:13 nos diz que Sua atual posição no Cristianismo é “fora do arraial” do Judaísmo — para onde os crentes são também exortados a saírem. O Senhor mencionou que iria usar outros meios de tirar os Seus do curral do Judaísmo — Ele “tira para fora as suas ovelhas” (Jo 10:4). Isso mostra pressão; elas são empurradas para fora. O cego do capítulo anterior teve essa experiência. Ele foi “expulso” do curral; os líderes da nação “expulsaram-no” (Jo 9:34). De uma maneira ou de outra o Senhor estava trabalhando com Suas ovelhas e elas estavam sendo tiradas do curral do Judaísmo para as coisas melhores do Cristianismo.
Aqueles que escutaram esta alegoria não entenderam seu significado (Jo 10:6). A razão é que eles continuavam no curral judaico e existe certo torpor que é consequência de estar naquele sistema (Hb 5:11). Isso levou o Senhor a falar de uma segunda “porta”. Ele disse: “Em verdade, em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas” (Jo 10:7). Ele era a porta de libertação pela qual uma pessoa era trazida para fora do curral do Judaísmo. Ao fazer tal declaração Ele dava a cada judeu crente a garantia de ser tirado do Judaísmo. Antes disso nenhum judeu tinha permissão para abandonar aquela religião ordenada por Deus, mas agora o próprio Deus, na Pessoa do Filho, estava abrindo a porta e garantindo que fossem libertos daquele sistema.
O Senhor falou então de uma terceira “porta”. Trata-se da porta de entrada na bênção e privilégio cristãos. A entrada a essas coisas também seria por meio dEle. Ele disse: “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens” (Jo 10:9). Estas bênçãos e privilégios característicos do Cristianismo são:
  •         A salvação da alma (Jo 10:9a).
  •         A liberdade para a adoração e o serviço — “entrará e sairá” (Jo 10:9b).
  •         O alimento espiritual na revelação cristã da verdade — “pastagens” (Jo 10:9c).
  •         O desfrutar de “vida... com abundância” — a vida eterna (Jo 10:10).
  •         A proteção e cuidado do Pastor (Jo 10:10-15).
  •         A união de judeus e gentios em “um rebanho” (Jo 10:16).
  •         A segurança eterna — “nunca hão de perecer” (Jo 10:28-29).

Versículos 10-15 — Uma vez libertadas dos limites do Judaísmo, as ovelhas ficariam sem a proteção do curral, mas isto não significa que Suas ovelhas ficariam sem proteção. O Senhor prometeu que Suas ovelhas, que Ele guiou para fora do curral, seriam cuidadas e protegidas. Como “Bom Pastor” Ele as colocaria sob o Seu divino cuidado. Seu amor e devoção pelo rebanho eram tais que Ele daria Sua vida pelas ovelhas. O Senhor então menciona os pastores mercenários e falsos profetas que atribulam o rebanho. Esses maus obreiros surgiriam no Cristianismo professo se alimentariam dos cristãos e iriam desviá-los. Um “mercenário” é um pastor relapso que irá abandonar o rebanho quando vier o perigo, e um “lobo” (Mt 7:15) é o que irá dividir e espalhar as ovelhas para atender seus interesses pessoais (At 20:29-30). Basta olharmos para a cristandade hoje para vermos isto acontecendo. Muitos líderes estão agindo como “mercenários” e transformando o culto a Deus em negócio (“mercadejando a palavra de Deus” 2 Co 1:17 — RAA). Existem também os “falsos doutores” com caráter de “lobos” (2 Pe 2:1). O Senhor não oculta o fato de que as Suas ovelhas seriam provadas por tais pessoas na esfera cristã, mas no verdadeiro Cristianismo, onde Cristo está no meio do Seu rebanho, Ele iria protegê-las de todos esses assaltos.
Versículo 16 — O Senhor possuía “outras ovelhas” que Ele iria reunir. Não há qualquer menção de que estas seriam tiradas para fora do curral, portanto isso indica que Ele estaria falando de crentes gentios. Estes, juntamente com Suas ovelhas tiradas do curral, formariam “um rebanho” de crentes judeus e gentios.
Portanto, as três portas nesta passagem indicam uma mudança dispensacional:
  •         A porta da profecia concernente ao Messias, por meio da qual Cristo entrou no curral judaico (Jo 10:2).
  •         A porta da libertação para fora do Judaísmo, através da qual Cristo levou os Seus para fora do curral (Jo 10:7).
  •         A porta de entrada nas bênçãos e privilégios do Cristianismo através da qual as ovelhas de Cristo podem viver e servir a Deus (Jo 10:9).




Postagens populares