ZACARIAS 11-13:6
No
capítulo 11:1-3 a profecia começa descrevendo uma desolação assustadora da
terra, causada por um exército invasor e pela inabilidade do povo de resistir à
invasão. Isto é mostrado por meio da figura de um grande “fogo” na floresta que consumiria tudo à medida que passasse pela
terra, de norte a sul. Trata-se de uma referência ao futuro ataque do Rei do
Norte à terra de Israel (Dn 11:40-42).
O
fogo destruiria os “cedros”, os “ciprestes” e os “carvalhos”. Estas são figuras dos homens, portanto a população
seria dizimada. O fogo começaria no “Líbano”
(ao norte), e se alastraria rumo ao sul até as planícies cobertas de relva de “Basã”, onde os pastores apascentariam
seus rebanhos. Ele continuaria em direção ao sul até a parte baixa do vale do “Jordão” (ao sul) e devastaria também
aquela área.
* * * * *
No
capítulo 11:4-17 o profeta abre um grande parêntese com os versículos 4 ao 17
explicando a razão desse juízo. É por Cristo, “o bom Pastor” (João 10:11), ter sido rejeitado pela nação e por
esta ter recebido o Anticristo, “o pastor
inútil” (Zc 11:17). Isto é apresentado aqui para retratar a obra do
Espírito no futuro, quando Ele trouxer à consciência dos judeus este duplo
pecado.
Portanto,
neste parêntese temos uma retrospectiva para o tempo do primeiro advento de
Cristo. Ele começa com o Senhor recebendo Sua comissão vinda de Deus para
ministrar à nação. Ele deveria apascentar “as
ovelhas da matança” por causa de sua incredulidade. Seus “possuidores” (o império Romano, sob
cujo jugo eles estavam na época da primeira vinda do Senhor) não se
consideravam “culpados” de tratarem
mal os judeus, pois acreditavam que eles mereciam (Zc 11:5). Os judeus infiéis
(os Herodianos — Mt 22:16) que se uniram à causa romana usaram da oportunidade
para enriquecer. Os “seus pastores”
(os principais sacerdotes, escribas, Saduceus e Fariseus) se contentavam em não
alterar aquela situação e nada faziam para ajudar a nação. Como consequência da
incredulidade do povo e de um total desrespeito pelas reivindicações de Deus, o
Senhor disse que não teria “mais piedade
dos moradores desta terra” (Zc 11:6), mas os entregaria nas mãos do “rei” (César — João 19:15) e de seu povo
(os Romanos) que iriam ferir a terra. Isto aconteceu no ano 70 D.C..
Enquanto
isso o Senhor cumpria o Seu ministério — “Eu,
pois, apascentei as ovelhas da matança” (Zc 11:7). Ele acrescenta “as pobres ovelhas do rebanho”. Esta
última declaração se refere ao remanescente de judeus crentes em meio à massa
de incrédulos. O Senhor falou de dois
aspectos de seu ministério messiânico usando a figura de “duas varas”, que eram instrumentos que
o pastor usava para apascentar o rebanho. Elas representam o que o Senhor teria
feito por Israel se eles O tivessem recebido. A uma vara Ele deu o nome de “Graça”, pois sob o Seu ministério
messiânico a nação seria agraciada com as bênçãos mileniais que Ele derramaria
sobre o povo (Sl 90:17; Is 55:5; 60:1-3, 13). “Todos estes povos” (os gentios — Zc 11:10) veriam a glória e a
beleza repousando sobre Israel e estariam desejosos de se juntarem ao Deus de
Israel (Sl 47:9; Zc 2:10-11). A outra vara Ele chamou de “União”, pois iria sanar a brecha entre as duas tribos e as demais
dez tribos (“Judá e Israel” — Zc 11:14),
unindo-as novamente em uma grande nação (Ez 37:15-28). O Senhor “apascentou” o rebanho tendo em mente
estes dois objetivos, todavia não houve resposta do povo, pois eles eram
infiéis (Zc 11:7b).
Irritado
com a incredulidade do povo, o Senhor destruiu “os três pastores num mês” (Zc 11:8). Isto é uma referência ao fato
de Ele ter exposto as três principais seitas na nação — os Herodianos, Saduceus
e Fariseus — quando O confrontaram no Templo (Mt 22:15-46). A tradução correta
seria que ele fez isso tudo em um dia do mês. O Senhor decidiu não mais apascentar
(alimentar) o rebanho (Zc 11:9). Como consequência a nação ficaria destituída
da proteção divina e exposta a seus inimigos. Durante o cerco e queda de
Jerusalém no ano 70 D.C. os moribundos morriam e os que pereciam acabariam sendo
destruídos pela fome, enquanto o restante do povo se entregaria ao canibalismo.
O
Senhor quebrou a vara “Graça”, o que
significa que Seu ministério messiânico para abençoar a nação seria suspenso (Zc
11:10). A promessa de “aliança” (não
da aliança Mosaica) para abençoar Israel por intermédio das nações gentias (“todos estes povos”) não se
concretizaria naquele tempo. A vara seria quebrada, mas “os pobres do rebanho, que me respeitavam” (os fiéis) receberiam
entendimento da razão dessa suspensão em Seu ministério para com Israel (Zc 11:11;
Mt 13:110).
Ao
concluir Seu ministério para com a nação, o Senhor disse a eles: “Dai-me o meu salário”, isto é, os três
anos e meio que passou pregando, ensinando e apascentando o povo (Zc 11:12). Os
líderes O avaliaram em “trinta moedas de
prata”. Aquilo era um completo insulto; o preço de um escravo morto! (Êx
21:32). Aquilo mostrava a profundidade da depravação a que a nação havia
chegado e revelava os desígnios na nação de matá-Lo. Jeová disse a Ele: “Arroja isso ao oleiro” (Zc 11:13). Por intermédio
de Mateus 27:3-10 sabemos que isto foi feito por mãos dos sacerdotes (Judas
atirou o dinheiro no templo e os sacerdotes o deram ao oleiro). Usando de
ironia, o Senhor chamou aquilo de “belo
preço em que fui avaliado por eles”, e seguiu quebrando a outra vara, “União” (Zc 11:14). Isto significava que
o Senhor não iria curar a brecha entre “Judá
e Israel” naquele tempo.
A
quebra das duas varas significava que o Senhor havia cessado Seu ministério
messiânico para com Israel. O fato de elas terem sido quebradas separadamente
indica Sua relutância em dissolver seu vínculo com Israel. Todavia, depois de
esperar pacientemente por muito tempo (40 anos — da cruz a 70 D.C.) eles foram
entregues a uma ação judicial que permitiu que os exércitos romanos destruíssem
a cidade e o santuário, e deportassem o povo (Mt 22:7). Portanto, esta profecia
também indica que Deus iria romper suas tratativas com a nação por haverem
rejeitado a Cristo, e ao fazer assim haviam também rejeitado as bênçãos do
reino que poderia ter sido deles. Essa ação de colocar de lado da nação não
seria final, como demonstram os próximos capítulos (12-13).
Traduzido de “A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?”, por Bruce Anstey publicado por Christian Truth Publishing. Traduzido por Mario Persona.