A diferença entre eras e dispensações
As
eras, também traduzidas como “séculos”
ou “mundo” dependendo da versão,
costumam ser frequentemente confundidas com dispensações, mas são coisas
diferentes, apesar de estarem de alguma maneira conectadas. Na verdade a
maioria daqueles que ensinam o Dispensacionalismo costuma apresentar um gráfico
de eras chamando-as de dispensações. Somos gratos por preservarem a verdade
dispensacional, mas eles não são claros quanto a estas distinções.
Essencialmente, o que fazem é “homogeneizar” ou mesclar eras e dispensações
fazendo delas uma mesma coisa. Por exemplo, o “Unger’s Bible Dictionary” diz que “uma dispensação é uma era de tempo durante a qual o homem é
provado...”. O gráfico das “Sete
Dispensações” de C. I. Scofield é outro exemplo desta mistura.
Nas
Escrituras uma era é uma época ou período de tempo que já passou, está passando ou passará neste mundo. Períodos assim são
chamados de “os tempos dos séculos”
ou “tempos eternos” (Tito 1:2),
dependendo da versão da Bíblia. Uma dispensação, como já observamos, é um
mandato público de Deus na administração de Suas formas de tratar com o homem
envolvendo determinadas exigências morais e espirituais para aqueles que estão
em Sua casa. Essas administrações podem mudar durante uma era, mas elas não são
eras. As Escrituras fazem distinção entre as duas coisas.
Em
Seu ministério o Senhor falou de duas eras em particular: “nesta era nem na era que há de vir” (Mt 12:32 NVI). “Esta era” é a era Mosaica, que começou
no Sinai e estava em progresso nos dias da primeira vinda do Senhor. Quando Ele
foi rejeitado e expulso deste mundo, esta era passou a ser caracterizada de
outra forma e se tornou uma “presente era
perversa” (Gl 1:4 NVI - ou “século
mau” ou “mundo perverso”,
dependendo da versão). Isto porque os “poderosos
desta era” (1 Co 2:6-8 NVI ou “príncipes
deste mundo” ou “poderosos desta
época”) cometeram o maior de todos os pecados ao crucificarem o Senhor da
glória. Escolheram Barrabás, o ladrão, ao invés de Cristo, e agora “todo o mundo está no maligno” (1 Jo
5:19).
Alguns
acham que o atual chamamento de Deus por meio do evangelho colocou a era
Mosaica em suspenso, e que ela não recomeçará a não ser em algum dia no futuro.
Mas isto não é correto: a era Mosaica continua seguindo o seu curso na terra
nos dias de hoje. A vinda do Espírito Santo e a introdução do Cristianismo não
fizeram com que ela terminasse e tampouco deram início a uma nova era. Todavia,
embora a era Mosaica não esteja suspensa,
a conexão de Deus com Israel como nação está
suspensa. Aqueles que creem no evangelho são chamados para fora de entre
judeus e gentios para serem feitos parte da Igreja; eles são libertados da “presente era perversa” (Gl 1:4 NVI) e
já não fazem parte dela, no que diz respeito à sua posição diante de Deus. A
Igreja, portanto, não tem qualquer ligação com a terra e com as eras ou
períodos de tempo, pois ela é uma entidade celestial que está fora do tempo.
Portanto, falar dos tempos atuais como “a era da Igreja” não está
doutrinariamente correto.
A
Igreja está na terra no presente momento como peregrina em sua jornada rumo ao
seu lar celestial; sua vocação, caráter e destino são todos celestiais (2 Co 5:1; Ef 1:3; 2:6; 6:12;
Fp 3:20; Cl 1:5; Hb 3:1; 11:16; 12:22; 13:14; 1 Pe 1:4). Já que a Igreja
continua na terra e atravessa “esta era”
que é marcada pelo mal, as exortações do apóstolo são para nos mantermos
separados de seu caráter e maneiras. Devemos viver “neste presente século [era] sóbria, e justa, e piamente” (Tt
2:12). Os crentes devem rejeitar a sabedoria desta era, pois Deus tornou “louca a sabedoria deste mundo [desta era]”
(1 Co 1:20). Além disso, os cristãos materialmente “ricos deste mundo [desta era]” (1 Tm 6:17) são admoestados a não
confiarem na incerteza das riquezas. Eles devem distribuir suas posses e deste
modo entesourarem “para si mesmos um bom
fundamento para o futuro” (1 Tm 6:18-19). É triste ver que alguns cristãos
hoje estão deixando de lado sua perseverança e passando a amar “o presente século [era]” (2 Tm 4:10) e,
como consequência, se estabelecendo no mundo. Demas é um exemplo disto (2 Tm
4:10).
Sabemos,
a partir das Escrituras proféticas, que a era atual tem ainda no mínimo mais 7
anos para o seu fim, os quais começarão a contar após a Igreja ser chamada para o céu. Esses 7 anos formam a
septuagésima semana de Daniel (Dn 9:27). Esta “era” está neste momento sob o controle de Satanás, que é o seu “deus” e “príncipe” (2 Co 4:4; Ef 2:2). Ela terminará com a Manifestação de
Cristo naquilo que é chamado de “fim do
mundo [fim da era]” (Mt 13:39-40, 49; 24:3; 28:20). Nessa ocasião o Senhor
inaugurará o “século futuro” ou “era futura”, que é o Milênio (Mt 12:32;
Mc 10:30; Ef 1:21; Hb 2:5; 6:5). Quando o Milênio tiver terminado seu período
de mil anos, virá o Estado Eterno. As Escrituras chamam isso de “séculos dos séculos” ou “todo o sempre” (Gl 1:5; Ef 2:7; 3:21; 1
Tm 1:17; 1 Pe 5:11; Ap 5:13; 22:5). Não é exatamente uma “era”, pois as eras
estão associadas ao tempo, e não há tempo na eternidade.
Resumindo,
uma “era” é um período de tempo, e
uma “dispensação” é um mandato de
Deus (uma economia) durante um período determinado de tempo em relação a alguma
revelação específica da verdade que Ele entregou à Sua casa.
Os principais nomes de Deus e de Cristo ao longo das eras
- ERA DA INOCÊNCIA (Adão e Eva no Jardim do Éden) — Deus (Elohim), SENHOR Deus (Jeovah-Elohim).
- ERA DA AUSÊNCIA DE LEI (do jardim ao dilúvio) — Deus (Elohim).
- ERA DO GOVERNO (do dilúvio ao chamado de Abraão) — Deus, o SENHOR.
- ERA DA PROMESSA (de Abraão à Lei) — SENHOR (Jeovah), o Deus Altíssimo (El Elyon), o Deus Todo-poderoso (El Shaddai).
- ERA DA LEI (da Lei a Cristo) — SENHOR (Jeovah), o Senhor de toda a Terra, o Deus dos Céus.
- O ATUAL DIA DA GRAÇA — Pai.
- ERA DA GLÓRIA DO REINO (Milênio) — Deus Altíssimo, Filho de Davi, Filho do Homem.
Traduzido de “A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?”, por Bruce Anstey publicado por Christian Truth Publishing. Traduzido por Mario Persona.